Absorvendo as medidas

Após a euforia de ontem, parece que os investidores começam a analisar mais profundamente os impactos das medidas anunciadas ontem pelo Fed, que no início foram vistas como uma espécie de intervenção divina para eliminar todos os males. Depois de abrir o dia em alta, a bolsa americana, e também a brasileira, fecharam em queda de -0,38% e 0,31%, respectivamente. Paul Krugman chama atenção para a manutenção do alto spread entre a Libor de 3 meses, referência do custo do dinheiro no mercado interbancário internacional, e o título do tesouro americano de mesmo prazo. Para o economista, isto indica que o mercado de crédito ainda não se normalizou.

A alta nas commodities continua, com o petróleo batendo novo recorde com cotação acima dos US$ 110 o barril. Contudo, como bem observado pelo analista do CSFB no blog marketbeat, as ações das empresas de petróleo não têm subido na mesma proporção.

Segundo o analista, isso seria um indício de que a expectativa é de que esses preços não se sustem no longo prazo, e o mercado futuro de petróleo estaria sendo puxado por investidores tentando se proteger da desvalorização da moeda americana e da inflação. As commodities estão sendo vistas por muitos investidores como ativos reais e uma boa proteção contra a perda de valor do dólar.

E a moeda americana sofreu hoje forte desvalorização, atingindo a cotação recorde de 1,55 US$ por euro, num sinal, para os comentaristas do mercado, de que o plano do Fed para destravar o mercado de crédito talvez não seja suficiente para resolver o problema. E o medo é que o Banco Central americano fique sem instrumentos para combater o problema.

No Brasil, as discussões sobre medidas para conter o dólar parecem desprezíveis se comparadas aos últimos acontecimentos no cenário internacional. Parece que ainda estamos longe de ver a tranqüilidade re-estabelecida nos mercados.

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