Tivemos no final de outubro muito mais volatilidade nos mercados do que vinha sendo o padrão nos últimos meses. Na verdade, a baixa volatilidade dos meses anteriores é que, até certo ponto, foi surpreendente, considerando as incertezas que ainda cercam as perspectivas para a economia mundial e para os mercados financeiros globais. A quebra da financeira CIT (que é bom ressaltar, não tem nada a ver com o Citigroup), apesar de não ter o impacto de um Lehman Brothers, é um sinal de que as coisas continuam longe da normalidade.
O que nos traz de volta ao economista Nouriel Roubini, que foi um dos poucos a acertar o prognóstico da última crise. Em um artigo publicado recentemente no Financial Times ele analisa os movimentos recentes nos mercados financeiros, observando que quase todas as classes de ativos arriscados tiveram altas significativas de março para cá. Ações, energia e commodities subiram, e caíram os “spreads” dos títulos de dívida privada. A maior valorização, no entanto, aconteceu nos investimentos mais arriscados: moedas, ações e títulos de dívida de mercados emergentes.
Para Roubini o veredicto é claro. A recuperação dos preços dos ativos ultrapassa em muito a recuperação (anêmica, segundo ele) da economia real. Isso só quer dizer uma coisa: a alta dos preços de ativos de risco tem sido impulsionada não só pela onda de liquidez produzida pelas políticas de juros baixíssimos do Fed, mas também pelo dólar fraco. Ficou fácil, e muito rentável, tomar dólares emprestados e aplicá-los em ativos de alto retorno.
Se isso não bastasse, há ainda o efeito das compras pelo Fed de instrumentos de dívida de longo prazo. Segundo Roubini, essas compras reduziram a volatilidade desses papéis, reduzindo a percepção de risco dos investidores. O resultado, segundo o economista, é uma enorme bolha de ativos que acabará estourando mais cedo ou mais tarde, com os efeitos de praxe.
Há outras vozes e outras opiniões sobre aquilo que está acontecendo nos mercados. Como a demanda por crédito ainda não voltou, é razoável que uma boa parte do dinheiro injetado pelas autoridades monetárias nos seus sistemas financeiros acabe em investimentos mais ou menos especulativos. Mas a margem de manobra dos bancos centrais é hoje minúscula, pois a recuperação das economias reais ainda está longe de garantida e o risco de bolhas não é desprezível.
Ou seja, vale a pena manter os olhos bem abertos. Pois enquanto não tivermos nenhum sinal mais forte de subida dos juros nos Estados Unidos e demais economias centrais, muito provavelmente os ativos de risco, incluindo os de países emergentes, têm grandes chances de continuar se valorizando.
Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark. Apesar de ter apresentado uma boa performance durante quase todo o período, o Ibovespa fechou o mês com rentabilidade próxima de zero, devido ao movimento dos últimos dias. Os fundos multimercado, na média, apesar de também terem sofrido na última semana do mês, ainda apresentaram uma boa rentabilidade no período.