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Comentário semanal

novembro 4, 2009

Tivemos no final de outubro muito mais volatilidade nos mercados do que vinha sendo o padrão nos últimos meses. Na verdade, a baixa volatilidade dos meses anteriores é que, até certo ponto, foi surpreendente, considerando as incertezas que ainda cercam as perspectivas para a economia mundial e para os mercados financeiros globais. A quebra da financeira CIT (que é bom ressaltar, não tem nada a ver com o Citigroup), apesar de não ter o impacto de um Lehman Brothers, é um sinal de que as coisas continuam longe da normalidade.

O que nos traz de volta ao economista Nouriel Roubini, que foi um dos poucos a acertar o prognóstico da última crise. Em um artigo publicado recentemente no Financial Times ele analisa os movimentos recentes nos mercados financeiros, observando que quase todas as classes de ativos arriscados tiveram altas significativas de março para cá. Ações, energia e commodities subiram, e caíram os “spreads” dos títulos de dívida privada. A maior valorização, no entanto, aconteceu nos investimentos mais arriscados: moedas, ações e títulos de dívida de mercados emergentes.

Para Roubini o veredicto é claro. A recuperação dos preços dos ativos ultrapassa em muito a recuperação (anêmica, segundo ele) da economia real. Isso só quer dizer uma coisa: a alta dos preços de ativos de risco tem sido impulsionada não só pela onda de liquidez produzida pelas políticas de juros baixíssimos do Fed, mas também pelo dólar fraco. Ficou fácil, e muito rentável, tomar dólares emprestados e aplicá-los em ativos de alto retorno.

Se isso não bastasse, há ainda o efeito das compras pelo Fed de instrumentos de dívida de longo prazo. Segundo Roubini, essas compras reduziram a volatilidade desses papéis, reduzindo a percepção de risco dos investidores. O resultado, segundo o economista, é uma enorme bolha de ativos que acabará estourando mais cedo ou mais tarde, com os efeitos de praxe.

Há outras vozes e outras opiniões sobre aquilo que está acontecendo nos mercados. Como a demanda por crédito ainda não voltou, é razoável que uma boa parte do dinheiro injetado pelas autoridades monetárias nos seus sistemas financeiros acabe em investimentos mais ou menos especulativos. Mas a margem de manobra dos bancos centrais é hoje minúscula, pois a recuperação das economias reais ainda está longe de garantida e o risco de bolhas não é desprezível.

Ou seja, vale a pena manter os olhos bem abertos. Pois enquanto não tivermos nenhum sinal mais forte de subida dos juros nos Estados Unidos e demais economias centrais, muito provavelmente os ativos de risco, incluindo os de países emergentes, têm grandes chances de continuar se valorizando.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark. Apesar de ter apresentado uma boa performance durante quase todo o período, o Ibovespa fechou o mês com rentabilidade próxima de zero, devido ao movimento dos últimos dias. Os fundos multimercado, na média, apesar de também terem sofrido na última semana do mês, ainda apresentaram uma boa rentabilidade no período.

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outubro 27, 2009

Em uma segunda-feira de queda nos mercados globais – o índice Dow Jones fechou em baixa de -1,05% e o S&P 500 de -1,17% – o índice Bovespa fechou com pequena alta de +0,04%. Mais um dia, portanto, de performance superior dos ativos brasileiros.

Apesar da reação negativa à imposição pelo governo de um IOF sobre a entrada de capital, persiste o otimismo com relação às perspectivas para a economia brasileira e para as empresas daqui. Especialistas locais consultados pela Agência Estado acreditam que a medida pode ter algum impacto sobre o mercado de IPOs, ou seja, de ofertas de ações de empresas, que pode migrar para Nova York. Mas o consenso é que o efeito sobre a Bovespa será mínimo, pois o cenário permanece positivo, os juros baixos, e as alternativas continuam sendo pouco atrativas.

Os estrangeiros parecem ainda mais otimistas. O Bloomberg cita relatório do banco de investimentos Goldman Sachs argumentando que no momento é muito mais arriscado para investidores estar fora do Brasil do que ter investimentos aqui. Os analistas da empresa vêem enormes perspectivas de rentabilidade para as empresas brasileiras, justificando expectativa de ganho de mais de 30% no índice Bovespa até meados de 2010. É difícil para qualquer gestor de recursos abrir mão de perspectivas de ganho desta magnitude em um mercado com poucas alternativas como o atual.

Contudo, parece haver uma diferença entre o otimismo contido dos profissionais brasileiros e a exuberância dos investidores estrangeiros, como nota o Financial Timesbin. Apesar da copa do mundo de 2014, dos jogos olímpicos de 2016 e do petróleo do pré-sal, parece evidente que nem todos os problemas do Brasil já foram resolvidos, e que boa parte da valorização dos mercados daqui se deve a taxas de juros muito baixas nas principais economias do mundo. Ou seja, enquanto as taxas de juros ao redor do mundo estiverem baixas como agora, o mercado brasileiro deverá continuar com boas perspectivas.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.

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outubro 20, 2009

Segundo notícia publicada no site da Bloomberg, o real é o destaque entre as principais moedas do mundo em 2009, com valorização de cerca de 35% frente ao dólar até o fechamento de segunda-feira. O Índice Bovespa, por sua vez, já subiu quase 80% no acumulado do ano.

E continua crescendo o coro dos comentaristas que vêem fortes sinais de bolha na dinâmica recente dos mercados globais. Hoje é a vez de Wolfgang Munchau, no Financial Times. Segundo ele, duas maneiras de medir o valor do mercado de ações – CAPE, uma relação preço/lucro ajustada para o ciclo econômico, e o Q de James Tobin – indicam que em meados de setembro o mercado americano estava 35 a 40% acima do preço justo. E de lá para cá o descompasso só aumentou.

E não é só o mercado de ações. Até o mercado imobiliário, epicentro da última bolha e da última crise, está subindo de novo e mostrando sinais de sobreaquecimento. A razão disso tudo é uma só: taxas de juros nominais baixíssimas, conseqüência das políticas monetárias dos bancos centrais que procuram manter vivos sistemas bancários que ainda não saíram da UTI.

Os riscos de inflação no momento permanecem muito baixos, mas Munchau teme uma reversão de expectativas a partir de 2010. Nesse caso as autoridades monetárias terão enormes dificuldades em evitar os riscos de deflação por um lado e de inflação pelo outro.

Neste cenário não surpreende a notícia publicada no final de semana, subseqüentemente negada e finalmente confirmada de que o governo brasileiro estaria estudando medidas para conter a entrada de dólares no país. A recente enxurrada de dólares e a valorização do real preocupam as autoridades brasileiras temerosas de seu impacto na competitividade de nossos produtos e do efeito em nossas contas externas.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.

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outubro 14, 2009

A Bolsa de São Paulo fechou em alta de +0,90% nesta terça-feira, mantendo a tendência forte dos últimos meses. Os comentários dos últimos dias indicam que investidores ao redor do globo foram contagiados pelo clima de otimismo alimentado pela seleção do Rio de Janeiro como cidade sede das olimpíadas de 2016, pela colocação global de ações do Banco Santander Brasil e pela propaganda do governo brasileiro em torno das perspectivas de produção de petróleo na camada pré-sal.

O blog Zero Hedge, por exemplo, recentemente publicou um comentário muito positivo sobre o efeito dos jogos olímpicos sobre as economias de nações emergentes, argumentando que o investimento em infraestrutura será muito positivo para produtores de commodities e para setores como engenharia, construção e turismo. No Business Insider, por sua vez, lê-se que o banco de investimentos Goldman Sachs recomenda fortemente aos seus clientes a aquisição de ações de empresas com exposição aos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), já que é nesses países que se concentram as melhores perspectivas de crescimento para os próximos anos.

Há, no entanto, vozes que alertam para a fragilidade desse momento de quase euforia. O economista Willem Buiter, que “bloga” no site do Financial Times, repassa as relações causais: tudo começa nos bancos centrais dos países ricos que continuam injetando quantidades cavalares de liquidez nos seus mercados financeiros.

Diante da escalada dos preços dos ativos provocada pelo mar de liquidez nos mercados globais, poucos parecem se preocupar com o crescimento de novos desequilíbrios nas relações entre as economias mais importantes do mundo, escreve Stephen Roach. Essa falta de memória é geralmente o caminho mais curto para uma nova crise.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark. Assim como em setembro, os fundos de ações e os multimercado com posições em bolsa são os destaques do início de outubro.

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outubro 6, 2009

Os principais mercados de ações do mundo continuam fortes, apesar das dúvidas com relação à vitalidade e sustentabilidade da retomada da economia mundial. A revista Economist da semana traz seção especial sobre esse tema, e conclui que o cenário daqui para a frente será terrível caso os governos das economias centrais não façam mais esforço para estimular o crescimento econômico.

A economia mundial não retornou ainda a um padrão normal de crescimento. Muito da reversão recente de uma tendência francamente negativa para uma moderadamente positiva se deve a fatores temporários como a reposição de estoques e os programas de estímulo fiscal e monetário dos governos. No entanto, persiste o problema fundamental do excesso de endividamento nas economias dos Estados Unidos e de outros países após o estouro de suas respectivas bolhas. O que sugere que os gastos dos consumidores não voltarão a crescer tão rápido, e que os bancos precisarão de mais capital.

A Economist pede ação coordenada dos governos dos Estados Unidos, China, Japão e Alemanha para rebalancear consumo, poupança e investimento. No médio e longo prazo, o objetivo é criar condições para que os verdadeiros “drivers” do crescimento – inovação e comércio internacional – voltem a funcionar.

No curto prazo, a questão é se a economia americana volta a entrar em recessão em 2010 ou 2011. Segundo o economista Menzie Chinn, do blog Econbrowser, o desempenho deve permanecer fraco, mas o pacote de estímulo do presidente Obama continuará fazendo algum efeito, já que muitas das suas provisões demoraram a entrar em prática.

Aqui no Brasil a tendência de curto prazo pouco mudou com relação à semana passada. O relatório Focus divulgado hoje pelo Banco Central indica que na expectativa media do mercado a taxa de inflação deve ficar abaixo da meta tanto em 2009 como em 2010, e que a economia deve voltar a crescer em torno de 4,5% a.a. no ano que vem – apesar de uma taxa Selic mais alta. A preocupação, como sempre, vem da parte fiscal. Em ano eleitoral e final de governo há uma tendência muito forte para anistias fiscais, efetivação de servidores, legalização de bingos e outras medidas iníquas, como escreve Everardo Maciel no Estado de S. Paulo de hoje, segunda-feira. Convém ficar de olho.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark. Os fundos de ações e multimercado tiveram, em sua maioria, ótima performance no mês de setembro.

Comentário semanal

setembro 30, 2009

A segunda-feira foi dia de alta nos mercados, com o Dow Jones subindo +1,28% e o S&P, +1,78%. Aqui no Brasil o Ibovespa seguiu a tendência com alta de +1,59%.

Ainda não é possível afirmar com segurança que a recuperação dos mercados financeiros reflete melhores perspectivas para a economia global. O espectro de uma depressão econômica foi afastado, mas o desempenho dos ativos financeiros tem muito a ver com a grande liquidez injetada pelos bancos centrais como remédio para a crise. A questão agora é saber se já está na hora desses mesmos bancos centrais estragarem a festa.

A revista Economist dessa semana traz alguns dados bastante relevantes. Os investidores americanos retiraram dos money market funds o total de US$ 332 bilhões de janeiro para cá, o equivalente a 10% do total investido nesses fundos. O que não é surpreendente, dado seu baixo retorno de cerca de 0,1% ao ano.

Com esse retorno tão baixo, os investidores têm, portanto, todos os incentivos para fugir das posições em caixa e colocar seu dinheiro para trabalhar em ativos de maior risco, e retorno, como ações, títulos de dívida de empresas e commodities. É importante destacar que uma boa parte desses recursos está se direcionando para os mercados emergentes, favorecidos por melhores perspectivas de crescimento econômico no médio e longo prazos. O mercado chinês, em particular, parece estar atraindo grandes volumes de recursos. Aqui no Brasil, esse movimento também é bastante pronunciado.

O importante, contudo, é saber se essa tendência positiva terá força para seguir em frente sem o apoio das autoridades monetárias. Economistas como Kevin Warsh, do Fed, já discutem qual deve ser a estratégia de retorno à normalidade, mantendo a credibilidade da autoridade monetária e observando cuidadosamente o estado dos mercados. Será muito difícil encontrar o ponto exato de equilíbrio nos próximos meses.

O relatório Focus publicado esta semana pelo Banco Central brasileiro já demonstra uma elevação na taxa de juros esperada pelo mercado para 2010. A previsão dos analistas de mercado para a Selic para o final do ano que vem subiu de 9,25% para 9,50%. O mercado aumentou também sua expectativa para o crescimento de 2010 de 4,2% para 4,5%.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.

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setembro 22, 2009

A notícia mais importante dessa segunda-feira foi o anúncio por parte do Banco Santander SA, da Espanha, de uma oferta primária de ações do Banco Santander Brasil. A operação, programada para outubro, deve trazer um total de R$ 13 bilhões para o caixa do Santander Brasil. Após a venda das ações, os minoritários possuirão 16% do capital do banco.

A operação será a maior da história do mercado brasileiro, ultrapassando os R$ 8,4 bilhões captados pela Visanet em junho, e a segunda maior do planeta em 2009, superada apenas pela chinesa China State Construction Engineering Corp. E com essa emissão o mercado brasileiro deverá fechar 2009 como um dos líderes do mundo em volume de colocação de ações, junto com a China.

O Santander afirma que 70% dos recursos levantados se destinará à expansão das suas operações no país, e o restante será usado para aumentar sua base de capital. O banco consegue assim demonstrar ao mesmo tempo otimismo com relação às perspectivas de médio e longo prazo para o mercado brasileiro e cautela no que diz respeito à sua capitalização, que pode sofrer caso as taxas de juros voltem a subir e afetem negativamente a qualidade dos créditos da sua carteira.

A visão otimista do Santander para a economia brasileira nos próximos anos não parece muito diferente daquela da maioria dos investidores. Comentários sobre a abertura de capital do banco apontam invariavelmente para as excelentes perspectivas para o setor financeiro com a crescente penetração dos serviços bancários junto à classe média emergente, e para o status quase singular do Brasil no contexto de uma economia global ainda em um momento difícil de recuperação. A nota de cautela veio na coluna Lex, do Financial Times, que aponta para um real sobrevalorizado, possível alta dos juros e da inadimplência. Uma visão claramente minoritária em um momento de quase euforia.

E com todo esse otimismo o mercado brasileiro segue em um bom momento, com a bolsa com alta de +7,5% no acumulado do mês de setembro, tendo ultrapassado os 60.000 pontos.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark. Tanto os fundos de ações quanto os multimercado estão com performance muito boa agora em setembro.

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setembro 9, 2009

Apesar da relativa calma dos últimos meses, o período que começou com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers foi dos mais agitados para os mercados globais. Foram tantas as reviravoltas que fica difícil acreditar que vai fazer apenas um ano desde aquele fim de semana de 13 e 14 de setembro de 2008, no qual as bases do sistema financeiro internacional tremeram.

A situação hoje parece bem mais tranqüila, graças em grande parte à intervenção dos bancos centrais, que impediu novas quebras de instituições sistemicamente importantes, e dos governos, que implementaram programas anti-cíclicos e assim reduziram o impacto sobre a produção e o emprego da crise financeira global.

O consenso, no entanto, termina por aí. Uma matéria da agência Bloomberg cita analistas como Richard Bernstein, ex-estrategista do banco de investimentos Merrill Lynch, para quem o governo americano está criando as condições para novas crises ao permitir e regular a formação de instituições financeiras cada vez maiores. O resultado, segundo esses analistas, é um incentivo para comportamento irresponsável por parte dos tomadores de decisões desses mega-bancos, que sabem que caso o pior aconteça as perdas serão socializadas.

A reunião do G-20 parece confirmar essa percepção, na medida em que o principal assunto discutido parece ter sido como limitar os bônus dos banqueiros, algo ao mesmo tempo de relevância discutível e de implementação difícil. A desmoralização dos economistas acadêmicos – narrada em longo artigo de Paul Krugman para o New York Times – não ajuda. Se eles não souberam prever a crise, seus conselhos sobre como evitar uma repetição perderam muito de sua credibilidade. E a janela para reformas está se fechando, na medida em que a crise vai se tornando uma memória cada vez mais distante.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark. O mês de setembro começou bem para os fundos multimercado que, em sua maioria, estão com boa performance.

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setembro 1, 2009

Mais uma vez a queda das ações no mercado chinês parece ter repercutido ao redor do mundo. Depois de um declínio de -6,7% no índice da bolsa de Xangai nesta segunda-feira, tivemos quedas de -0,50% no índice Dow Jones e de -0,81% no S&P 500. O índice Bovespa acompanhou a tendência e fechou em queda de -2,10%.

A influência do mercado chinês sobre as bolsas de valores do mundo é um fenômeno recente, e até certo ponto surpreendente. Uma matéria da revista Economist da semana nos lembra que o mercado de ações chinês é um dos mais voláteis e ativos do mundo. Além disso, é um mercado efetivamente fechado para investidores estrangeiros, o que em tese deveria limitar a possibilidade de contágio para o resto do mundo.

O contágio se dá, segundo a Economist, por causa da crença dos investidores de que a China é a única grande economia do mundo que continua mostrando boas taxas de crescimento. Como as estatísticas oficiais não são muito confiáveis, o mercado de ações tornou-se um indicador de tendências futuras. O problema é que se trata de um mercado altamente especulativo, e suas oscilações para cima e para baixo, ainda segundo a Economist, têm mais a ver com expansão e retração do crédito do que com tendências de crescimento.

No curto prazo, no entanto, o sentimento negativo parece dominar. As análises apontam para a China como ponto de partida para uma correção mais ampla. Por outro lado, há sinais positivos emergindo dos Estados Unidos como, por exemplo, o resultado financeiro favorável que o governo americano está apurando no TARP (programa de ajuda aos bancos). A retomada ainda não é coisa certa e muito vai depender da habilidade das autoridades monetárias das principais economias do mundo.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.

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agosto 25, 2009

A recuperação da economia americana ainda corre o risco de sofrer uma interrupção se o Fed não dosar corretamente a política monetária nos próximos meses. Essa é a grande lição que os economistas estão tirando do que aconteceu em 1937, segundo o Wall Street Journal.

O problema é dosar o estímulo de maneira a evitar, por um lado, uma nova recaída na recessão, e por outro os riscos de crescimento explosivo do déficit público, da dívida, e, no médio e longo prazo, inflação. O consenso dos economistas hoje é que o declínio econômico que começou com a quebra da bolsa de Nova York em 1929 já tinha perdido muito da sua capacidade de assustar por volta de 1933. Uma série de erros de política econômica, no entanto, fez com que os EUA voltassem a uma profunda recessão em 1937.

Os erros foram tanto de política monetária como de política fiscal. O Fed, observando os altos níveis de caixa mantidos pelos bancos, exigiu que eles aumentassem seus volumes de reservas, provocando assim um aperto monetário. Ao mesmo tempo, o executivo reduziu gastos enquanto entravam em vigor aumentos de impostos. O resultado foi uma recessão em W, prolongando o sofrimento.

A lição foi aprendida. Economistas como Ben Bernanke, presidente do Fed, e Christina Romer, presidente do Conselho de Assessores Econômicos, são estudiosos da Grande Depressão e estão decididos a não repetir o erro de suspender as medidas de estímulo antes da hora. Mas isso não quer dizer que não existe risco do outro lado. A expansão considerável do déficit fiscal e da dívida pública americana são assuntos sérios, que precisarão ser tratados com responsabilidade assim que a economia estiver novamente em uma trajetória de crescimento sustentado. E o balanço patrimonial do Fed também deverá voltar ao normal, assim que as condições o permitirem.

Questões fiscais também estão na pauta aqui no Brasil. Os jornais divulgaram trabalho de economistas ligados à oposição que identifica uma trajetória perigosa de crescimento dos gastos de custeio do governo federal. O governo alega que está fazendo política anticíclica, mas o argumento não convence já que gastos de custeio não podem ser facilmente reduzidos quando a economia voltar a crescer mais vigorosamente. Na impossibilidade de uma boa reforma tributária – impossibilidade essa já admitida pelo responsável pelo assunto no Ministério da Fazenda – a trajetória preocupa.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.