Archive for the ‘comentário semanal’ Category

Comentário semanal

agosto 18, 2009

A segunda-feira foi de queda para a maioria dos mercados no mundo. Quem deu o tom foi a bolsa de valores de Xangai, com queda de -5,8% no seu índice Composite. O movimento de baixa se repetiu ao redor do globo, com baixas de -1,5% em Londres (índice FTSE 100) e, em Nova York, de -2,0% no índice Dow Jones e -2,4% no índice S&P 500. O índice Bovespa, por sua vez, caiu -2,51%.

A economia chinesa tem sido uma das poucas histórias de crescimento do planeta nos últimos meses, e muitos economistas e investidores esperam que a China seja a locomotiva que puxará o trem da economia global, tirando-a da recessão. Além disso, o governo chinês ainda aplica os dólares de seu superávit comercial e do investimento estrangeiro na China adquirindo principalmente papéis do governo americano – o que coloca aquele país no coração das finanças globais.

Isso não quer dizer, necessariamente, que uma correção no mercado de ações chinês represente o início de uma correção dos mercados globais, como sustentam alguns comentaristas. A incerteza no mercado chinês parece ligada aos temores de que as medidas de estímulo implementadas pelo governo daquele país estariam se esgotando, e que o resultado será uma recuperação em “W”, ou seja, com nova redução na atividade antes de uma retomada mais duradoura.

Ao mesmo tempo, alguns comentaristas parecem estar à procura de qualquer gatilho para uma correção que acreditam inevitável. Um exemplo, entre muitos: o blog Naked Capitalism trouxe hoje, segunda-feira, um “post” enumerando as razões para o pessimismo: problemas (ainda) no sistema bancário americano, consumidores esgotados, um mercado imobiliário ainda problemático, pouca liberdade de ação para o Fed, mais problemas na seguradora AIG, e falta de liderança política em Washington. Na ponta contrária, muitos observadores – como a estrategista Abby Cohen, do Goldman Sachs – afirmam que a recessão já terminou e vêem fortes sinais de retomada nos lucros das empresas americanas.

A questão maior no momento parece ser a relação entre a recuperação econômica e a recuperação dos mercados. A enorme injeção de liquidez patrocinada pelo Fed e por outros bancos centrais mundo afora ajudou a acelerar a alta dos mercados de ações. Resta saber se ainda há espaço para novos movimentos de alta e se a economia real será capaz de confirmar as expectativas já implícitas nos preços dos ativos.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.

Comentário semanal

agosto 11, 2009

O economista Paul Krugman argumentou, em uma coluna recente, que o risco de uma nova grande depressão já parece ter sido definitivamente afastado. A atuação do governo americano, segundo Krugman, é a maior responsável por este resultado. Os gastos “automáticos”, que independem de decisão política e que continuam acontecendo mesmo quando as receitas caem, criando, portanto, um efeito estabilizador, são os instrumentos que mais deram resultado. Há também o resultado dos pacotes de resgate do sistema financeiro que, apesar de (na opinião do economista) mal desenhados e mal implementados, impediram que a crise bancária tivesse um impacto ainda maior. Por fim, houve também o pacote de estímulo do presidente Barack Obama. Insuficiente, segundo Krugman, mas melhor do que nada.

O estado da economia ainda preocupa, escreve Krugman. Ainda não sabemos qual será o tamanho da recessão em curso. É verdade que os estudos indicam que economistas não costumam acertar nas suas previsões para a extensão e profundidade das recessões, e que as empresas que cortaram postos de trabalho agressivamente nos últimos meses terão que contratar rapidamente quando a economia voltar a crescer. Seja como for, parece estar surgindo um consenso de que nos Estados Unidos o pior já passou. Os dados de emprego publicados na última sexta-feira parecem apontar nesta direção, mas ainda há grande incerteza quanto ao vigor dessa recuperação.

O economista Tim Duy, por exemplo, levanta uma série de questões interessantes no seu blog, Economist’s View. Ele acredita que o consumidor americano permanece desanimado e cauteloso, e que seus padrões de gastos mudaram de maneira mais ou menos permanente, em favor de produtos mais básicos, com margens de lucro menores para seus produtores, sejam eles fabricantes de sabão em pó ou construtores de novas casas. O que apontaria para uma recuperação lenta da economia e dos níveis de emprego.

Quanto ao resto do mundo, alguns países estão melhor preparados para um desempenho econômico superior nos próximos meses. A análise do site RGE Monitor, do economista Nouriel Roubini, aponta para o óbvio: vai se sair melhor quem tem fundamentos sólidos e políticas corretas. O Brasil aparece bem na fotografia, graças a fatores como um sistema financeiro sólido e relativamente isolado e alguma capacidade de resposta fiscal. Resta saber se a relativa disciplina dos últimos anos se manterá no ano eleitoral de 2010.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.

Comentário semanal

agosto 4, 2009

Os bons resultados dos bancos britânicos HSBC e Barclays, divulgados nesta segunda-feira, ajudaram a animar os mercados, junto com as esperanças de melhor demanda para matérias-primas. O mercado brasileiro segue a tendência positiva. Ao fechar na segunda-feira ao nível de 55.997 pontos, o índice Bovespa volta ao patamar atingido pela última vez em agosto de 2008, antes do colapso da Lehman Brothers.

A crise financeira global levou muita gente a questionar o valor do banco central independente, e o Financial Times defende, em editorial, essa instituição que tem sido tão bombardeada não só por comentaristas mas também por políticos que parecem estar se aproveitando de um momento de vulnerabilidade para tentar conquistar de volta a influência que tiveram no passado distante.

Essa discussão não ocorre só no Brasil, onde comentaristas alinhados com uma certa visão intervencionista insistem em dizer que o BCB deveria jogar fora o sistema de metas de inflação para se concentrar apenas na tarefa de salvar a economia brasileira da catástrofe, como se não fosse possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Segundo o colunista John Plender, do FT, sinais de impaciência vêm do Japão, da Inglaterra e dos Estados Unidos. A chanceler alemã Angela Merkel também criticou publicamente o Banco Central Europeu, algo sem precedentes na história da República Federal da Alemanha, onde a independência da autoridade monetária é dogma absoluto.

Nos Estados Unidos existe uma antiga tradição de crítica populista ao Federal Reserve Bank, visto por muitos como uma instituição que serve aos interesses dos banqueiros e não do povo. Essa tradição voltou a ganhar força recentemente com as medidas que o Fed se viu obrigado a implementar para evitar o colapso do sistema financeiro americano, estendendo várias linhas de crédito diferentes aos bancos americanos.

O pior da crise parece já ter passado, mas ainda são várias as questões com relação ao desempenho dos BCs. Martin Wolf sugere em comentário recente que o sistema financeiro que está emergindo é ainda mais carregado de risco moral do que era aquele de antes da crise, e que a recuperação da economia mundial será lenta e difícil, sem respostas duradouras para problemas como o funcionamento do sistema monetário mundial, ainda baseado no dólar, ou dos fluxos internacionais de recursos, ou das vulnerabilidades das economias emergentes.

O princípio da independência dos bancos centrais, no entanto, parece mantido. Como escreveu Robert Peston, editor de economia e negócios da BBC, o desencanto com as soluções de mercado não parece trazer consigo uma crença forte nos poderes de intervenção dos governos. Assim, é grande a chance de que teremos mais do mesmo, por falta de idéias melhores.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark. No mês passado, tanto os fundos de ações como os fundos multimercado com posições em bolsa apresentaram boa rentabilidade. Contribuiu também para a performance positiva dos fundos multimercado a valorização do real frente ao dólar, já que muitos desses fundos tinham posições vendidas na moeda americana.

Comentário semanal

julho 28, 2009

Em sua última reunião, realizada na semana passada, o Copom não surpreendeu ninguém ao reduzir a taxa de juros Selic de 9,25% para 8,75% ao ano. A decisão era esperada pelos mercados, e a ausência de viés indica que o Banco Central acredita que está encerrando um ciclo de baixa da taxa de juros. Teremos mais detalhes com a publicação da ata do Copom na próxima quinta-feira, mas a última pesquisa Focus, divulgada pelo BC, indica que o mercado espera que a taxa Selic mantenha-se nesse mesmo patamar até o final do ano.

A taxa de juros Selic encontra-se, portanto, no nível mais baixo dos últimos anos, mas mesmo assim o capital estrangeiro continua entrando em ritmo forte no mercado brasileiro, à procura de uma relação risco-retorno mais favorável do que aquela que se obtém nos mercados maduros. O BC relata que no mês de julho a entrada líquida foi de US$ 5,5 bilhões, dos quais US$ 2,4 bi apenas para o lançamento de ações da operadora de cartões de crédito VisaNet.

No cenário econômico americano não há muitas novidades. A relativa normalidade da conjuntura pode ser medida pela maneira como a agenda passou a ser ocupada por temas importantes, mas pouco urgentes, como a reforma do sistema de saúde e a conveniência de mais um mandato de Chairman do Fed para o professor Bernanke, já que o seu mandato atual se encerra em janeiro. O consenso de economistas e comentaristas é de que ele agiu certo ao tomar medidas dramáticas para evitar que a crise produzisse uma segunda grande depressão. Mas a impopularidade da autoridade monetária americana pode tornar o seu segundo mandato inviável.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark. Tanto os fundos multimercado como os fundos de ações estão com boa rentabilidade no mês.

Comentário semanal

julho 21, 2009

A crise financeira e econômica que começou nos mercados de financiamento imobiliário dos Estados Unidos e que se alastrou pelo mundo inteiro levou muita gente a questionar o valor da teoria econômica. Afinal, de que valem os economistas se eles não são capazes de prever – e impedir – uma crise dessa proporção? E mais: o que fazer se os próprios modelos econômicos usados por investidores para precificar ativos são defeituosos e parcialmente responsáveis pela gigantesca bolha que estourou?

A revista Economist dessa semana traz importantes reflexões a respeito do (suposto) fracasso da teoria econômica, e de como a crise está provocando mudanças na mesma. As principais críticas focam dois ramos da teoria econômica moderna, a macroeconomia e a economia financeira. Segundo a revista, os macroeconomistas erraram na condução da política monetária. Eles se convenceram – e convenceram o resto do mundo – de que o único objetivo dos bancos centrais deveria ser o controle da inflação, e com isso permitiu-se a formação de bolhas sucessivas nos mercados financeiros. Os macroeconomistas não teriam sido responsáveis somente pelas condições que levaram à crise, mas também teriam ignorado completamente os sinais de que havia algo de errado. Além disso, dizem os críticos, eles não têm nenhuma idéia de como tirar o mundo da recessão em que nos encontramos.

Os economistas financeiros, por sua vez, têm a responsabilidade de ter formalizado as teorias de mercados eficientes, alimentando as crenças de que os mercados, quando deixados em paz, se regulam por conta própria e de que a inovação em produtos financeiros é sempre positiva. Essas idéias teriam sido os fundamentos sobre os quais Wall Street construiu seus super complexos instrumentos de investimento.

Segundo a revista, as falhas não podem ser atribuídas exclusivamente aos economistas, já que muitos deles haviam alertado para o uso indiscriminado de modelos excessivamente simples para precificar instrumentos muito complicados. E alguns deles haviam alertado para as bolhas de ativos. Mas há problemas reais, muitos derivados da falta de comunicação entre os especialistas das várias sub-disciplinas. Os macroeconomistas precisam entender melhor como funcionam os mercados financeiros, e os economistas financeiros precisam estudar melhor questões que não fazem parte de seus modelos, como risco de contraparte ou de iliquidez. No final das contas, economia é uma ciência social, imperfeita, mas que tem base na realidade e deve ser útil no mundo real.

Esse debate está repercutindo pela blogosfera, e merece ser acompanhado. É muito importante estudar, refletir e entender o que aconteceu para podermos tentar evitar que a próxima crise financeira seja tão destrutiva.

Na última semana os mercados tanto aqui quanto lá fora apresentaram boa performance, devido, entre outros fatores, aos bons resultados de alguns bancos americanos como o Goldman Sachs.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.

Comentário semanal

julho 14, 2009

O jornal O Globo publicou, no último domingo, uma matéria que dá o que pensar sobre a trajetória fiscal brasileira para os próximos anos. Segundo o economista Geraldo Biasoto Júnior, professor assistente da Unicamp, as decisões de gastos que estão sendo tomadas hoje pelo governo Lula terão um impacto fiscal significativo a partir de 2010, seja quem for o novo presidente da república.

De acordo com a matéria do Globo, Biasoto contabilizou as despesas já contratadas pelo governo atual que terão impacto no orçamento de 2010 e chegou à conclusão de que o resultado fiscal do governo poderá passar de um superávit de R$ 71,4 bilhões em 2008 para um déficit de R$ 2,1 bilhões no ano que vem.

O aumento das despesas ocorre principalmente nos programas sociais, como o Bolsa-Família, nos gastos com educação e nos salários dos servidores públicos. O governo alega que a expansão dos gastos tem caráter anticíclico, e que não há risco fiscal nenhum na trajetória atual, dentro do cenário adotado pelo Tesouro, que prevê crescimento da ordem de 4 a 4,5% em 2010.

Para muitos economistas, o problema é que esses gastos não têm caráter anticíclico, pois não podem ser facilmente reduzidos ou eliminados no momento em que a economia voltar a crescer com base no consumo e investimento privados. Assim, esse crescimento das despesas eleva o risco de trajetórias desfavoráveis da dívida pública e da inflação no médio e longo prazos. É um assunto importante para se estar atento e acompanhar de perto.

Já os mercados americanos tiveram bom desempenho na segunda-feira, devido, em boa parte, à analista Meredith Whitney, que recomendou aos seus clientes a compra de ações do banco de investimentos Goldman Sachs. Whitney ficou famosa por ter sido uma das principais vozes negativas de Wall Street nos últimos meses, e essa nova recomendação de compra não chega a ser exatamente um sinal de otimismo. Ela acredita que o cenário para a economia e para o sistema financeiro dos Estados Unidos continuará difícil nos próximos anos, mas que o Goldman Sachs conseguirá tirar proveito dessa situação. Porém, parece ainda cedo para falar em uma recuperação sustentada da economia americana.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark. A performance ruim da bolsa nos últimos dias afetou principalmente os fundos de ações e os multimercado com posições em ações. Alguns fundos multimercado também sofreram devido aos últimos movimentos no mercado de câmbio.

Comentário semanal

julho 7, 2009

Alguns economistas acreditam que a recessão americana pode já ter acabado. A discussão tem um aspecto bastante acadêmico, pois o fim da recessão só pode ser determinado retrospectivamente e os economistas que acompanham esse assunto levam meses para ter certeza de que a tendência de fato se inverteu. Mas o blog de economia do Wall Street Journal cita o economista de um banco japonês em Nova York que vê nas estatísticas semanais de seguro desemprego sinais de que a recessão poderia ter acabado em abril ou maio.

O índice ISM, divulgado na segunda-feira, parece confirmar essa perspectiva. Esse indicador de atividade subiu no mês de junho, mas permanece abaixo do nível que indicaria uma economia em expansão. É mais um sinal, portanto, de que a economia americana não está mais piorando tão rapidamente como acontecia no final do ano passado e no começo desse ano, mas ainda não é suficiente para confirmar que essa mesma economia já parou de encolher e está voltando a crescer.

A discussão tem um aspecto relevante para o mundo real. O governo de Barack Obama aprovou, no início do seu mandato, um plano de estímulo econômico que foi muito criticado por economistas como Paul Krugman e Brad DeLong, que temiam que ele esse pacote não fosse suficiente para impedir um aprofundamento da recessão que já parecia àquela altura inevitável. A discussão agora gira em torno da necessidade de um novo pacote de estímulo. Os porta-vozes do governo alegam que ainda não houve tempo suficiente para que o efeito do pacote implementado se faça sentir, mas o crescimento dos índices de desemprego aumenta a pressão para que se tome medidas adicionais.

Uma notícia sobre o Brasil, no entanto, parece ter ajudado o mercado americano a se recuperar no final do pregão de hoje. Depois de abrir para baixo, os índices Dow Jones e S&P 500 fecharam com alta de +0,53% e +0,26% respectivamente, recuperação devida pelo menos em parte ao anúncio da agência de classificação de risco Moody’s de que estaria estudando o “rating” do Brasil com vistas a uma possível elevação para “investment grade.”

Aqui no Brasil, apesar da boa notícia, o índice Bovespa, que chegou a estar caindo mais de 2% durante o dia, fechou em queda de -0,61%, em um início de semana curta com o feriado de 9 de julho em São Paulo.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.

Comentário semanal

junho 30, 2009

O momento é de relativa calma nos mercados. Nos Estados Unidos o grande assunto desta segunda-feira é a condenação de Bernard Madoff a 150 anos de prisão por operar o maior esquema de pirâmide da história, levando a perdas bilionárias para os investidores que aplicaram seu dinheiro com ele. De acordo com a Bloomberg, as perdas para esses investidores chegam a US$ 65 bilhões.

Mas o prejuízo certamente não termina aí. O affair Madoff revelou vulnerabilidades preocupantes no sistema de regulação e supervisão dos mercados americanos. Poucos imaginavam que fosse possível operar por tanto tempo um esquema tão grande e tão primário de fraude.

É possível argumentar que a responsabilidade, em última análise, é dos investidores que não fizeram a sua lição de casa e se deixaram seduzir pelas promessas de ganhos altos, constantes e independentes das condições dos mercados oferecidos por Madoff e pelos intermediários que promoviam seus fundos. Mas o dano à integridade dos mercados é real, e nem mesmo a pena de 150 anos na cadeia será suficiente para devolver aos investidores a confiança em veículos de investimento complexos e muitas vezes pouco transparentes.

No que diz respeito à economia americana, o momento é de espera. A economista Christina Romer, que preside o conselho de assessores econômicos da Casa Branca, diz que o efeito do pacote de estímulo do governo Obama deve ser sentido nos próximos meses, e que ainda não chegou o momento de apertar políticas monetária e fiscal. Ela acha que estamos perto do fundo do poço, e que uma recuperação rápida em 2010 é bastante possível.

Aqui no Brasil o último relatório de inflação do Banco Central, divulgado na sexta-feira, trouxe projeções de inflação bastante benignas para 2009 e 2010, de 4,1% e 3,9% respectivamente. Essas projeções, abaixo dos 4,5% da meta, em tese sugerem que há mais espaço para corte de juros. Mas o economista Eduardo Loyo escreve em seu comentário para clientes do UBS Pactual que talvez a situação não seja tão simples assim. Segundo ele, o Banco Central agirá de maneira cautelosa, não devendo reduzir os juros além do meio ponto percentual que ele espera para a reunião de julho do Copom.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.

Comentário semanal

junho 23, 2009

Os mercados abriram a semana em baixa, nos Estados Unidos e aqui, com quedas de -2,35% no índice Dow Jones, -3,06% no S&P 500, e -3,66% no Bovespa. A grande questão, aparentemente, é saber se a recuperação dos preços das ações nos últimos meses correspondeu ou não a uma melhoria equivalente nos fundamentos das economias.

De acordo com o blog Alphaville, do Financial Times, os gurus do mercado inclinam-se, no momento, ao pessimismo. A tese mais corrente, expressa, por exemplo, por Christopher Wood, do CLSA, seria de que a alta dos últimos três meses estaria se esgotando. Os investidores estariam nervosos com o crescimento de pressões deflacionárias no ocidente, e com a forte reação dos bancos centrais a essas pressões.

Nouriel Roubini explica: diante da ameaça de deflação, o Fed partiu para uma política monetária extraordinariamente frouxa, que estaria alimentando um boom global em mercados de ações e de commodities. Segundo Roubini, essa bolha nos preços das commodities, e especialmente do petróleo, pode por em risco a frágil recuperação econômica que se inicia e colocar o mundo novamente em recessão no final de 2010 ou no início de 2011.

No curto prazo todos os olhos estão voltados para o Fed, e para o seu comitê de política monetária (FOMC), que se reúne na terça- e quarta-feira da semana corrente. O foco do interesse não está tanto na taxa básica de juros da economia americana, e sim nos programas de “afrouxamento quantitativo”, ou seja, de aquisição pelo Fed de títulos emitidos pelo Tesouro americano. Investidores estarão atentos ao comunicado do FOMC e ao que ele dirá sobre perspectivas inflacionárias e sobre esses programas.

Aqui no Brasil o tema da semana é a abertura de capital da operadora de cartões de crédito Visanet, operação que deve movimentar algo em torno de seis bilhões de reais. Essa operação será um bom indicador do grau de apetite dos investidores externos por novas colocações de papéis brasileiros.

São cada vez mais freqüentes entre os analistas e comentaristas estrangeiros os elogios à gestão prudente da política econômica brasileira. Já há quem chame o nosso Banco Central de “o Bundesbank da América Latina.” Nesse contexto, a procura pelas ações da Visanet será vista como um termômetro da confiança dos investidores estrangeiros em nossa política econômica e no crescimento sustentado dos gastos do consumidor brasileiro.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark. Os fundos de ações e os multimercado com posições em ações sofreram com a performance ruim da Bovespa na semana passada. A valorização do dólar frente ao real também teve algum impacto nos fundos multimercado que carregam posições vendidas na moeda americana.

Comentário semanal

junho 16, 2009

Os mercados de ações fecharam em queda na segunda-feira, seguindo a tendência das commodities. Apesar de uma recuperação no final do pregão, tivemos queda de -2,13% no índice Dow Jones e de -2,38% no S&P 500. Aqui no Brasil o índice Bovespa seguiu o movimento, fechando em queda de -2,85%.

Procurar as razões por trás dos movimentos diários dos mercados é sempre um exercício dúbio, mas chamam a atenção os comentários dos ministros do G8, e principalmente do russo Alexei Kudrin. As declarações de confiança no dólar americano tiveram o efeito de valorizar aquela moeda, o que por sua vez deprimiu os preços das commodities. A questão fundamental, no entanto, é saber se as expectativas de recuperação econômica embutidas na recente valorização dos mercados são válidas.

As dúvidas surgem em várias frentes. O economista Paul Krugman, que tem acertado muito mais do que tem errado, falou de suas preocupações em uma longa entrevista para o jornal britânico Guardian. Ele acredita que o mundo inteiro corre o risco de um longo período de estagnação, comparável à década perdida vivida pelo Japão. E o mais preocupante, segundo Krugman, é que não é tão óbvio assim que as lições do Japão foram devidamente aprendidas, que seus erros não se repetirão, e que acharemos uma saída para a crise atual. Ele acredita que o relativo otimismo dos últimos meses se deve apenas a uma estabilização das principais economias. Elas pararam de cair, mas não é claro ainda de onde sairá a sua recuperação.

Nos Estados Unidos cresce a preocupação com o crescimento explosivo da dívida pública. O economista Willem Buiter fala em seu blog de um “buraco negro fiscal”, afirmando que sem um aperto fiscal significativo assim que o país começar a sair da recessão será muito difícil evitar um crescimento explosivo da dívida pública, e duvida da viabilidade política de um ajuste, seja reduzindo gastos, seja aumentando impostos. Na Europa o grande tema (além da probabilidade de quebra da Letônia) é o risco de que os governos – principalmente o da Alemanha – estariam colocando o carro na frente dos bois ao trazer à discussão prematuramente estratégias de saída da crise, ao invés de atacar problemas ainda não resolvidos como o mau estado de saúde de seus bancos.

Ou seja, os riscos para a economia mundial e para os ativos financeiros ainda são bastante substanciais, e toda estratégia de investimento deve ter isso em conta.

Aqui no Brasil, o Banco Central surpreendeu o mercado na semana passado ao reduzir a taxa de juros básica da economia para 9,25% a.a., o que tende a ser bom para os ativos de renda variável. Contudo, os motivos dessa decisão só serão esclarecidos com a publicação da ata da reunião, esperada para a próxima quinta-feira.

Veja aqui o acompanhamento dos fundos distribuídos pela Benchmark.